Os pacientes que sofrem da dor causada pela fibromialgia terão, a partir de agosto, um novo tratamento para aliviar os sintomas da doença. Em vez de apelar para analgésicos, anti-inflamatórios e antidepressivos, os pacientes podem ser submetidos a sessões em um dispositivo de terapia fotodinâmica. Emite simultaneamente laser de baixa intensidade e ultra-som terapêutico.

O dispositivo foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP). O foco do grupo era “atacar” a fibromialgia da palma da mão, em vez dos pontos de dor espalhados por todo o corpo. A idéia surgiu após a revisão de artigos na área, sugerindo que os pacientes diagnosticados com a doença tinham mais neurorreceptores próximos aos vasos sanguíneos das mãos.
Após três anos de desenvolvimento, os pesquisadores puderam comparecer, em parceria com clínicas de São Carlos e Santa Casa de Misericórdia da cidade, a mais de 800 pessoas para comprovar a eficácia do produto. Outras milhares de pessoas estão esperando na fila para serem atendidas e participar do estudo como voluntárias. “Essas pessoas já sofrem muito com os efeitos colaterais dos medicamentos usados para tratar essas doenças. Portanto, nossa intenção sempre foi fazer uma intervenção não medicamentosa para não comprometer a qualidade de vida do paciente. Especialmente devido ao fato de que cada vez mais pessoas em idade ativa estão sendo diagnosticadas com essas doenças reumatológicas ”, afirmou o orientador do estudo, professor Vanderlei Salvador Bagnato.
“Para o tratamento de artrite e artrose, o dispositivo é três vezes mais eficaz do que os tratamentos atualmente disponíveis, incluindo medicamentos. Já a fibromialgia é uma doença com diagnóstico mais complicado e outras variáveis entram nesse relato, como a questão psicológica ”, apontou o professor mentor.
Nos próximos meses, o professor diz que as empresas patrocinadoras do projeto trabalharão para distribuir o dispositivo em todo o território nacional. “Mesmo com profissionais treinando médicos e fisioterapeutas para o uso”, disse Bagnato. “É claro que no mercado o dispositivo terá os custos de produção, distribuição e impostos. Mas não será um equipamento tão caro que sua compra seja proibitiva para profissionais da área. A intenção é que o dispositivo chegue às clínicas, barato o suficiente para atender a população ”, afirmou. Hoje, nas clínicas de universidades parceiras, os pacientes pagam a taxa simbólica de US $ 40 por sessão. “Essa é uma combinação sem precedentes de ultrassom, cujas ondas mecânicas agitam o tecido na região onde é aplicado e o laser, que acelera o metabolismo. É a primeira vez que essas duas técnicas são usadas juntas. Todo novo produto passa por uma série de testes a serem lançados no mercado, mas o mais importante é a segurança do estudo, que comprova sua eficácia. Isso já temos ”, finaliza a professora. Dispositivo ainda em estudo
O dispositivo que promete reduzir os sintomas da fibromialgia ainda não foi disponibilizado ao público em geral porque está passando por testes finais, aguardando a aprovação da Anvisa, como explicou por telefone o professor Vanderlei Salvador Bagnato, do Instituto de Física da USP, ao telefone. As clínicas interessadas podem entrar em contato com o professor (via [email protected]) e participar do estudo. Assim, além de permitir o acesso da população ao equipamento, os resultados comporão os dados do estudo como uma técnica experimental.